Em breve completaremos um ano desde o desastre de Tohoku do dia 11 de março. Em face à seriedade dos estragos causados pelo tsunami, ficamos sem palavras, e a dor no coração não passa. Além disso, os danos pela contaminação radioativa provocada pelo acidente da usina nuclear Fukushima Daichi foi piorada pelos ventos e seus efeitos ainda continuam.
A Escola Aoba é uma entidade que visa proteger as crianças que estão impossibilitadas de viver com suas famílias, oferecendo-lhes moradia. Sabemos que os efeitos da radiação nas crianças são muito graves, e por isso temos nos empenhado arduamente até hoje para promover a saúde e dar condições de vida a esses infantes. Acreditamos que se passe o mesmo nos lares onde há crianças na família. Sujeitando-nos aos procedimentos de descontaminação radioativa, por exemplo, houve momentos em que nos sentimos abatidos pela falta de perspectiva do futuro. Porém, apesar de tudo isso, pudemos prosseguir sem perder a força de vontade até o dia de hoje graças ao apoio dos moradores da vizinhança e dos inúmeros voluntários.
Devido ao acidente nuclear, a comunidade sofreu uma dispersão dos seus membros, de forma que todos os cidadãos foram vítimas da tragédia, especialmente aqueles que ainda hoje necessitam viver nos abrigos. Nossa linda terra natal sofreu uma contaminação radioativa. Aceitar esse fato causa ira e tristeza, além de prejudicar nossa auto-estima.
O que mais tememos é o poço profundo que separa as pessoas devido às diferenças de pensamento e da situação em que cada um se encontra. Por exemplo, temos pais que acreditam que as crianças não devem realizar atividades ao ar livre, e pais que pensam que não há problema. Existem famílias que buscam se refugiar e outras, não. Dependendo da área, pode-se ou não receber uma compensação do governo pelos danos sofridos, entre outras diferenças. Os membros de uma comunidade que eram tão unidos, correm agora o risco de sofrerem uma quebra nas relações pessoais após o desastre por encontrarem-se em situações diferentes. Em meio a esta realidade, graças aos esforços dos inúmeros voluntários que tem vindo ajudar na nossa província oferecendo apoio e incentivo, percebemos profundamente a importância da ligação entre as pessoas. Desejo de coração que possamos continuar unindo nossas forças para trabalhar na recuperação da província de Fukushima.
Em vários locais de refúgio, podemos presenciar o espetáculo das pessoas cantando a música “Furusato” (“Terra Natal”), que começa com o verso “Aquela terra onde caçamos coelhos, aquele rio onde pescamos carpas”. A terra natal é o local onde somos protegidos pelas pessoas à nossa volta, a começar pelos nossos pais, e a “criança” em nós pode viver tranquilamente cercada de amigos. O indivíduo deve poder crescer ali cultivando sonhos e esperanças para trilhar um caminho independente. Ainda hoje a nossa província de Fukushima sofre com os sérios danos causados pelo desastre, mas contando com o reforço dos voluntários, não podemos deixar de nos esforçar tendo em mente o objetivo de fazer renascer uma nova terra natal.
Diretor da entidade de Bem-Estar Social Escola Aoba
Sr. Nobuyuki Kobe